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TDAH: Um Guia Básico

Atualizado: 20 de set. de 2022


TDAH, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a autorregulação. Pessoas com TDAH tem dificuldade em desenvolver, organizar e manter comportamentos a longo prazo pensando em objetivos futuros (Barkley, 1997, 2012; Brown, 2013).


O TDAH afeta tanto crianças quanto adultos e é caracterizado por níveis inapropriados para a idade de desatenção, impulsividade e hiperatividade.


A pessoa com TDAH pode ter uma apresentação predominantemente desatenta, predominantemente hiperativa-impulsiva ou uma apresentação mista, na qual apresenta sintomas dos dois subtipos.


Embora todos nós temos algum nível de desatenção, impulsividade e hiperatividade, pessoas com TDAH sofrem esses sintomas com maior frequência e intensidade.


É como diabetes: todos nós temos glicemia no sangue, afinal as nossas células precisam do açúcar, mas algumas pessoas têm níveis muito elevados de açúcar no sangue e essas pessoas têm diabetes.


E da mesma forma que pessoas com diabetes têm níveis elevados de glicose porque elas têm uma deficiência de insulina no corpo, pessoas com TDAH têm uma deficiência de neurotransmissores, como a dopamina, serotonina e norepinefrina.


Processo diagnóstico baseado em evidências


O diagnóstico é baseado em entrevista clínica e nos seguintes critérios:

CRITÉRIO A: Sintomas

Para o subtipo desatento, é necessário apresentar pelo menos 6 sintomas de desatenção no caso de crianças e pelo menos 5 em adultos. Sintomas de desatenção:

  • Deixar de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou durante outras atividades

  • Ter dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas

  • Não escutar quando lhe dirigem a palavra

  • Não seguir instruções e não termina deveres de casa, tarefas domésticas ou tarefas no local de trabalho

  • Ter dificuldade para organizar tarefas e atividades

  • Evitar, não gostar ou relutar em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado (tarefas escolares, deveres de casa, preparo de relatórios etc.)

  • Perder objetos necessários às tarefas ou atividades

  • Ser facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos pode incluir pensamentos não relacionados)

  • Ser esquecido em relação a atividades cotidianas.

Para o subtipo hiperativo/impulsivo, é necessário apresentar pelo menos 6 sintomas de hiperatividade e impulsividade no caso de crianças e pelo menos 5 no caso de adultos.

Sintomas de hiperatividade e impulsividade.

  • Remexer ou batucar mãos e pés ou se contorcer na cadeira

  • Levantar da cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado (sala de aula, escritório, etc.)

  • Correr ou subir nas coisas, em situações onde isso é inapropriado ou, em adolescentes ou adultos, ter sensações de inquietude

  • Ser incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente

  • Não conseguir ou se sentir confortável em ficar parado por muito tempo, em restaurantes, reuniões, etc.

  • Falar demais

  • Não conseguir aguardar a vez de falar, respondendo uma pergunta antes que seja terminada ou completando a frase dos outros

  • Ter dificuldade de esperar a sua vez

  • Interrompe ou se intrometer em conversas e atividades, tentar assumir o controle do que os outros estão fazendo ou usar coisas dos outros sem pedir.


No caso do subtipo misto, o paciente deverá apresentar pelo menos 6 sintomas de ambas as categorias no caso de crianças e pelo menos 5 no caso de adultos.


CRITÉRIO B: Idade de apresentação dos sintomas

CRITÉRIO C: Diferentes contextos

CRITÉRIO D: Prejuízo

CRITÉRIO E: Diagnóstico diferencial


Existem alguns questionários que podem ser usados para avaliar os sintomas, como o ASRS-18 em caso de adultos e o SNAP-IV em caso de crianças. Esses questionários são apenas uma ferramenta para levantamento de alguns possíveis sintomas primários do TDAH. O diagnóstico correto e preciso do TDAH só pode ser feito através de uma entrevista clínica com um profissional especializado (psicólogo, psiquiatra, neurologista ou neuropediatra).


Muitos dos sintomas do TDAH podem estar associados a outras comorbidades correlatas ao TDAH e outras condições clínicas e psicológicas, só um profissional especializado consegue avaliar e fazer o diagnóstico adequado.




Tratamento


TDAH não tem cura e também não pode ser compensado por força de vontade ou disciplina. É possível, sim, ter uma vida saudável e bem sucedida, mas com o apoio e tratamento adequados.

Da mesma forma que uma pessoa miope precisa de óculos e um cadeirante precisa de rampas ou elevadores para acessar determinados espaços, pessoas com TDAH precisam de algumas coisas para ter saúde e bem estar, como:

  • Medicação

  • Treinamento de habilidades e estratégias

  • Acomodações


O TDAH é um transtorno complexo que pode afetar diversas áreas da vida e vir acompanhado de diversos transtornos, por isso o seu tratamento deve ser multimodal e sob medida para as necessidade do indivíduo. Isso significa que pode envolver acompanhamento com fonoaudiólogo para indivíduos com dislexia, nutricionista e psicólogo para indivíduos com comprometimento da sua autonomia alimentar ou psicoterapia para indivíduos que desenvolveram depressão (30% das pessoas com TDAH), ansiedade (40% -60% das pessoas com TDAH) e mesmo para trabalhar questões frequentes nessa população como perfeccionismo, baixa auto-estima e regulação emocional.


Mas todas as pessoas com TDAH precisam de acomodações ambientais, ou seja, ajustar o ambiente para compensar os déficits das funções executivas. Assim como uma pessoa míope precisa de óculos, uma pessoas paraplégica precisa de cadeira de rodas, pessoas com TDAH precisam recompensas artificiais para compensar o déficit biológico de motivação, precisam de consequências artificiais e imediatas para compensar a sua cegueira temporal, precisam externalizar informações de forma visual para compensar o comprometimento da sua memória de trabalho.


Eu posso te guiar nesse processo, clique aqui e agende a sua primeira sessão.


Vamos juntas?


Referências: ROHDE, L. A. et al. (Orgs.). Guia para compreensão e manejo do TDAH da World Federation of ADHD . Porto Alegre: Artmed, 2019. 142 p.


Kolar D, Keller A, Golfinopoulos M, Cumyn L, Syer C, Hechtman L. Treatment of adults with attention-deficit/hyperactivity disorder. Neuropsychiatr Dis Treat. 2008;4(2):389-403. doi:10.2147/ndt.s6985


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